quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Discriminação e Isonomia - Carta aos bancários

“Há cantos que calam vozes
E há vozes que calam cantos
Como calar, no entanto
O claro canto dos pássaros
Se pra cantar nascem tantos”
Colmar Duarte.

Estamos a caminho de mais um desfecho das negociações salariais. E pelo visto nada alentadores. A regra dos últimos oito anos vai se repetir. Fazemos uma greve forte e levamos um índice aquém do tamanho do nosso movimento. Diria Honório Lemes: gastamos pólvora em chimango.
Mesmo assim, tudo estaria na mais santa paz se a Caixa – governo Lula – não praticasse mais um ato discriminatório. Não é de hoje que os gestores vêm excluindo colegas que não estão nos planos orientados pela direção. E, o pior de tudo, com a subserviência dos colegas que nos representam. O silêncio das entidades representativas é ensurdecedor. E a empáfia dos gestores é assustadora.
Nas cláusulas especificas a Caixa – governo Lula – oferece um aumento linear para quem está no PCS 2008. E quem não está nesse plano fica discriminado. Nos últimos anos a Caixa – governo Lula – vem diuturnamente discriminado colegas. E os “capas” do movimento sindical capitaneados pela Articulação Bancária estão inertes. Inebriados pelas tangências do poder. Encantados pelas mesas, ditas de negociações, que mais parecem um palco de egocêntricos e “iluminados” numa ilha da fantasia.
Se temos uma mesa única. Se temos uma campanha unificada. Então, por que aceitar uma proposta que discrimina? Uma proposta que divide? Uma proposta que prima pela desigualdade. Essa proposta deveria ter sido recusada na mesa de negociações porque fere o princípio da isonomia pelo qual tanto lutamos.
Chegamos ao cúmulo de um grevista não estar nesse plano e não levar o aumento. E um pelego que está no PCS 2008 ganha o aumento. Ou seja, finda a campanha salarial um pelego tem maior aumento que um grevista. Devem estar rindo dos palhaços que somos nós. Companheiros, lutem para ajudar os pelegos.
Quando o comando recomenda a aceitação dessa proposta ele está conivente com a discriminação. Está conivente com o descaso da Caixa. Será desalentador ouvirmos o discurso do pós-greve fazendo loas às conquistas. Qualquer tergiversação é retórica para acalentar bovinos.
Isso nos deixa indignado. E o tamanho da nossa indignação pode se refletir nas urnas, pois eu esperava mais de um governo popular. Eu esperava mais de uma candidata que se orgulha de ser a mãe do PAC e do Minha Casa Minha Vida. Eu ainda não acredito que no apagar da luzes do governo Lula a palavra mais pronunciada seria discriminação. E pensar que há oito anos a esperança venceu o medo. Nesse segundo turno a indignação poderá vencer a esperança e isso é temerário. Por enquanto, meu voto está sub-judice.
Durante a greve eu vi várias camisetas com os dizeres “Igualdade de direitos para todos” e “Isonomia entre novos e antigos”. Camisetas essas patrocinadas pelos sindicatos do RS e Fetrafi. Será que não é chegada a hora de fazermos uma campanha contra a discriminação?
Se você fizer greve... sorria, você ainda vai ser discriminado.

Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Santa Maria – RS

No linque abaixo Canto Livre com Cesar Passarinho

http://www.youtube.com/watch?v=oTmBpZrhYg4&feature=related

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