Athos Ronaldo Miralha da Cunha
As discussões sobre direita e esquerda sempre suscitam pertinentes
debates e provocam inesgotáveis reflexões. Embora, atualmente, não saibamos precisamente
o que seja ou onde está a direita e a esquerda.
Convencionou-se de “geléia geral” o atual estágio da política brasileira
e esse estado nós podemos creditar ao desempenho governo do presidente Lula na
ânsia incontida de buscar a ampliação da base de apoio negociando cargos tanto
a direita quanto a esquerda.
Há cinco anos a esperança venceu o medo e o Brasil, em festa, aclamava o
presidente operário. Após o trágico fim do socialismo real a esquerda reacendeu
momentos de expectativa num governo democrático e seus ideólogos ficaram
atentos as políticas a serem implementadas no país.
No entanto, as bandeiras históricas da esquerda foram relegadas,
primeiramente, a um segundo plano e posteriormente esquecidas. As reformas de
base e de cunho popular foram praticamente inexistentes, beirando ao
assistencialismo e a esmola. O horizonte utópico foi rebaixado e está abaixo da
linha do aceitável, cada vez mais distante da dignidade tão prometida.
Os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro e empresários dos mais
variados setores aprovam a atual política econômica. Se um governo não
contraria os interesses da classe dominante e não tem a opção pelos pobres esse
governo não é de esquerda.
Nas últimas eleições para prefeito o senhor Paulo Maluf emprestou sua
imagem para apoiar Marta Suplicy no segundo turno em São Paulo. E as fotos de Maluf
e Marta apareceram nos carros e murais pela cidade.
Recentemente, começou a ser construída uma aliança entre o PT e o PP com
vistas às eleições municipais do ano que vem. E mais uma vez o senhor Maluf é o
alvo petista. Calma, se você estiver constrangido você é de esquerda.
O partido de origem proletária e que abrigou os exilados e perseguidos
políticos e o partido que conspirou e sustentou a ditadura estão em uma
inusitada lua-de-mel pré-nupcial. Pra ser franco, eu não sei quem comete
adultério ideológico nessa história.
Eu posso ter dúvidas do que seja direita e esquerda, mas sei o que é
coerência.
Um amigo manipulando digitalmente uma foto colocou um cavanhaque em Maluf. Afinal , o companheiro
precisa de um quê de esquerda dos anos 70 para não causar profundos e indesejáveis
desconfortos nos remanescentes da velha guarda petista nas futuras reuniões da
coligação. A propósito, o Maluf de cavanhaque é uma excrescência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário