domingo, 23 de junho de 2013

O pronunciamento de Wanda



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Após o início das manifestações pelas ruas e praças do país, os brasileiros aguardavam, ansiosos, o pronunciamento da presidente. E depois de algumas reuniões foi anunciado o esperado discurso.
E como de praxe, cada brasileiro fez a sua análise e os palpites e pitacos pipocaram web afora. Para não fugir a regra... vamos lá.
Os dez minutos de conversa eu reduzo em duas frases, que, na minha opinião, são importantes e fundamentais para o momento em que vivemos.
1º. O comentário sobre a “importação” de médicos do exterior.  Não faria falta no discurso porque “importação” de médicos não é uma solução e, sim, um paliativo. E a categoria deveria ter sido ouvida. Mas a presidente resolveu colocar e isso só fomenta a discussão em um momento tenso.
2º. A presidente afirmou que iria convidar os presidentes dos demais poderes – Legislativo e Judiciário – para uma reunião. A grande e expressiva frase do discurso de Wanda. E esse anúncio é de fundamental importância. E que deveria ser objeto de análise e cobrança futura, mas no meio do pronunciamento, passou meio despercebido e escapou de uma avaliação mais atenta.
Todos lemos um post que circula na internet que esclarece os poderes da presidência da república. E que diz o que a presidente Dilma pode e o que ela não pode, porque algumas reivindicações são atribuições dos demais poderes.
A Dilma não prende. A Dilma não cassa deputados. A Dilma não veta emenda constitucional. A Dilma não elege o presidente do senado. A Dilma não instaura CPI. Claro que a presidente Dilma não tem os referidos poderes citados. Mas não sejamos ingênuos. A presidente Dilma articula e tem poderes para isso, e a opinião e o desejo dela têm o peso e a procuração de 56 milhões de votos.
Então, a Wanda que esteve nas ruas, em outros tempos, para protestar por liberdade e democracia, agora como presidente Dilma terá a sensibilidade de ouvir o ruído dessas mesmas ruas e interpretá-los. E, na minha opinião, o primeiro passo foi dado ao solicitar a reunião com os demais poderes.
Assim, aguardemos o desfecho dessa reunião e os encaminhamentos que dela sairão. Vamos ver o que dizem e o que farão os demais próceres da nossa república. Qual será a resposta a esse clamor.
Quando termina uma partida de futebol, os jogadores e o técnico fazem uma entrevista coletiva para analisar a partida e explicar aos torcedores os erros e acertos. E assistimos com a devida atenção essas análises. Depois, ainda, assistimos aos programas esportivos que debatem o jogo, os jogadores e as análises. E também debatemos.
Dada a relevância histórica do atual momento, não seria interessante uma entrevista coletiva dos jogadores, técnicos e presidentes dos clubes “Sport Club Senado”, “Associação Câmara de Futebol”, “Judiciário Esporte Clube” e “Executivo Futebol Clube”? Seria importante ouvirmos para acreditar que alguma coisa possa ser diferente daqui para frente.
Se a Fifa permitir, é claro.

Um comentário:

Anônimo disse...

beijar a fifa ou a dilma?
ainda bem que gosto de homem.