domingo, 1 de setembro de 2013

Bastardo



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O dedilhar de uma milonga continua nesse galpão acolhedor da literatura compartilhada.
Agora estamos diante desses contos coletivos escritos a seis mãos, três gaúchos acomodados em mochinhos na volta de um braseiro. Nas páginas de “Bastardo” vemos retratada a vida gaúcha no seu mais singelo cotidiano, o simbolismo de uma cuia de mate em meditação e a prosa nos encontros de tauras em qualquer ocasião, seja num galpão no seio de uma várzea campeira, na sala de um apartamento na cidade ou na praça em um ponto de táxi.
Esses textos compartilhados em três capítulos são como as três cores do pavilhão rio-grandense. Contem paixão, esperança e felicidade. Bem como a contramão das cores: raiva, desespero e tristeza. Mas as fagulhas na memória e a pampa no horizonte, sempre presentes.
“Bastardo” formam um conjunto de quase-contos ou quase-causos dessa literatura regional gaúcha que prezamos tanto. As labaredas de um fogo no chão são insuficientes para contos escritos nesses pagos, mas fundamental para transpormos as barreiras do campo e da cidade. E, assim, não seremos bastardos das nossas origens e do jeito simples, mas arrojado de olhar o mundo que nos rodeia.
Nessa nova rodada de contos coletivos invoca-se um pouco mais essa terra, suas maneiras e seu jeito de ser. Por vezes, nessas páginas, nós somos os próprios bastardos das nossas reminiscências e das nossas inquietudes. Mas sempre sobrou uma cuia para cevarmos um mate literário – nunca um mate lavado –, e com a mais genuína vontade guasca nas frases, como também esporeamos um pouco mais as tramas em conflitos existenciais, despojados e irônicos. Sossegados e violentos.
No entanto, nossa história não ficou bastarda, pois somos três gaúchos oriundos de Itaqui, Santiago do Boqueirão e São Luiz Gonzaga, pagos queridos de nossa querência. Não importando se a erva é buena ou caúna, o que importa é que o mate roda de uma mão à outra e que o fogo de chão literário esteja sempre em chamas.
O braseiro literário nunca se apaga, e o tripé sustenta a chaleira para aquecer a água para o chimarrão. Então, coloque mais lenha nesse fogo porque lá fora chove e faz frio.

Dia 18 de setembro às 18h na livraria Athena.
Estão todos convidados para mais um encontro do socialismo literário.

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