sábado, 5 de outubro de 2013

“Um chimarrão, com Maiakóvski. Ou seria com Silva Rillo?”



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Na primeira aparição ele está sorridente e nos convida para conversar. A gente reluta, mas como é um jovem simpático, aceitamos prosear com o vivente. E a lábia é grande. Nos oferece um trago de canha com butiá.
E achamos legal e bebemos junto.
Posteriormente, ela entra em nosso jardim, nos promete o paraíso e uma vida digna. E toma chimarrão com a gente na varanda.
Ah! Mata nosso cusco, mas o cara é bom de papo.
Um belo dia ele entra em nossa casa e pede o nosso voto.
E nos oferece um ramalhete de capim-cidreira para o chá. E nós damos o nosso voto e conseguimos os votos dos amigos. E os amigos conseguem os votos dos amigos dos amigos.
Quando nos damos conta é tarde. O fulano está mandando e desmandando. Já entregou empresas públicas, aniquilou manifestações e arroxou os salários. E aí temos como universo o umbigo dentro do nosso quarto.
Por medo nos calamos e aceitamos migalhas. E achamos que a democracia é para todos: é representativa.
Que a justiça é cega, cega para alguns.
E a nós resta esperar para dali a um tempo ouvir outra voz simpática desse Brasil vir à televisão e convidar: vamos conversar?
Mas a garganta grita: PUTA QUE PARIU!


Um plágio pseudo-bagual do poema
“No Caminho, com Maiakóvski” de Eduardo Alves da Costa

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