quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Discurso proferido por ocasião da solenidade de entrega dos prêmios do XXXVIII Concurso Literário Felippe D’Oliveira e XXXVII Concurso Fotográfico de Santa Maria. 26.08.2015





Excelentíssima senhora Sandra Rebelato
Presidente em Exercício da Câmara Municipal de Vereadores

Excelentíssima senhora Marilia Chartune
Secretária de município da cultura neste ato representando o prefeito Cezar Schirmer

Senhor Marcio Flores
Diretor do museu de arte

Senhora Rosangela Rechia
Diretora da biblioteca pública Henrique Bastide

Demais autoridades

Senhoras e senhores

No distante ano de 1977, quando o então vereador Orcy de Oliveira encaminhou um projeto de Lei criando um concurso literário, provavelmente, não tenha imaginado a grandiosidade de sua proposta e a importância para literatura santa-mariense.
No então entroncamento ferroviário estava sendo viabilizado um evento para projeção e divulgação dos talentos literários.

O Concurso Literário Felippe D’Oliveira juntamente com a Feira do Livro coloca Santa Maria no cenário da literatura brasileira. A feira do livro e o Felippe D’Oliveira enquadram-se entre os mais importantes e reconhecidos eventos literários do Brasil.
Como a feira do livro, a cada ano, consolida-se como o maior evento cultural da cidade, com mais de 100 livros lançados por autor local e mais de 200 autores locais nas sessões de autógrafos, podemos dizer que vivemos um bom momento na literatura em Santa Maria.
Outro dia um articulista de uma mídia alternativa comentou que se o brasileiro discutisse menos futebol e mais política e economia, o Brasil seria bem diferente. Eu diria ainda mais. Se os brasileiros discutissem menos futebol e se importassem mais literatura o país seria bem diferente. Como afirmou Emile Zolá: “os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa.” Talvez isso explique o porquê de não sermos um país de leitores.
A afirmação de Simone de Beauvoir traduz um pouco desses porquês: “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os oprimidos.” Então, chegamos a Paulo Freire quando afirma que “se a educação não for libertadora o sonho do oprimido é tornar-se um opressor”.
Assim sendo, temos uma importância muito grande – os escritores e fotógrafos –, e mais uma vez tomo emprestado uma frase de Simone de Beauvoir: “não se pode escrever nada com indiferença.”
Eu acrescentaria: “não se pode escrever e fotografar nada com indiferença.” Aliás, dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras.
Deixo essa reflexão...

Esse concurso homenageia um dos poetas mais ilustres, talentosos e inquietos, que a cidade de Santa Maria da Boca do Monte produziu.
Felippe Daudt Alves de Oliveira nasceu num 23 de agosto no inverno de 1890. Concluiu o curso de Farmácia em Porto Alegre no ano de 1908. O jovem Felippe não veio ao mundo, apenas, para ser farmacêutico e continuou seus estudos e sua obra literária no Rio de Janeiro, publicando poesias, crônicas e contos em jornais e revistas.
Neste agosto de 2015 em que debatemos a democracia – ainda temos pessoas em pleno século XXI que sentem saudade da ditadura –, debatemos a liberdade de imprensa como bens maiores, e debatemos o direito de termos uma opinião, porque nos dias atuais, chega a ser temerário ter uma opinião.
É oportuno salientar que o nosso poeta santa-mariense foi exilado em Paris, justamente por ser contrário a ditadura imposta pelo presidente Getúlio Vargas em 1932.
Além do legado literário temos um legado de lutas de Felippe D’Oliveira, cabe a nós continuarmos lutando contra a opressão e, principalmente, contra a intolerância. Muito em moda nos últimos tempos no Brasil.

Por fim.
Gostaria de fazer um agradecimento aos jurados na sua difícil tarefa de escolher as poesias, os contos, as crônicas e fotografias vencedoras. Quero externar um fraternal agradecimento a Rosangela Rechia e os demais envolvidos na organização desse importante evento, bem como, as equipes da Secretaria de Município da Cultura e da Câmara Municipal de Vereadores pela dedicação na organização desse concurso e dessa solenidade.
Aos demais amigos que compartilhamos esses prêmios, continuemos com essa arte de expressar sentimentos pelo ato de escrever e fotografar. É revolucionário contestarmos a realidade pela foto e pela escrita.

Muito obrigado pela atenção.

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