terça-feira, 20 de setembro de 2016

O bêbado e o equilibrista



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Não sei se a Elis Regina era gremista ou colorada, na verdade, acho que ela não estava nem aí para o futebol. Mas caía a tarde feito um viaduto. E essas tardes vão caindo jogo após jogo é não é feito um viaduto. Na realidade é feito um arremedo de time de futebol. Uma junção oriunda da várzea que não honram a camisa que vestem. Assim, cairão todas as tardes e o viaduto será apenas uma metáfora.
O jogo contra o América-MG deveria ser o que chamamos de virada numa narrativa. Aquela mudança de ação que fisga o leitor. O momento em que o time diz que vai reagir ao chamado da torcida. Mas esquema tático de futebol não é música e nem literatura. Então, vamos ao jogo.
O Internacional se apequenou. Os jogadores, a direção e, principalmente, o técnico reduziram o Inter num time de segunda divisão. Joga como uma equipe sem ambição. Sem personalidade. Um amontoado tresloucado de baratas tontas. O resultado de hoje antecipa, com algumas rodadas, o futuro do Inter. O treinador joga contra o último colocado e entra em campo com três volantes. Com todo o respeito ao adversário, isso é humilhante para uma equipe que já foi campeã do mundo e precisa de uma vitória urgente. Um treinador que retira da equipe os dois melhores e faz as substituições no final do jogo merecia ser demitido por telefone.
Ao final do jogo Celso Roth falou que está buscando o equilíbrio da equipe. Fernando Carvalho corroborou com a ideia do treinador e falou: o treinador está buscando o equilíbrio da equipe.
Só faltou eles acrescentarem que estão buscando um equilibrista para o Internacional. Mas no circo em que eles buscam o equilibrista eles só encontram palhaços e os palhaços são mais de 100 mil associados. É assim que nos sentimos ao constatar tanta incapacidade dessa direção que se tivesse um pingo de vergonha renunciaria imediatamente. Mas isso é o reflexo desse Brasil: ninguém tem mais vergonha na cara.
No contexto dessa lambada que é cada jogo do Inter, dança na corda bamba de sombrinha o equilibrista, o Roth e o Carvalho. E onze pernas-de-pau fazem um acompanhamento chulo numa dança chula. Tudo bem: sete.
O técnico busca o equilíbrio. Certamente encontrará no ano que vem quando jogar a série B. Porque, no atual momento, o Inter buscou o equilíbrio e encontrou apenas o bêbado da dupla.
É o que nos resta: beber.
Porque o show tem que continuar.

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