domingo, 11 de setembro de 2016

O cachorro da Dilma


Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O cachorro da Dilma tornou-se a polêmica da nossa impactante política nacional. Na falta de uma notícia mais expressiva para alavancar cliques, comentários e compartilhamentos, algumas mídias usaram o Nego – cão idoso presente do ex-ministro José Dirceu – para alavancar o Ibope do sítio. Dilma virou a crudelíssima assassina de animais.
Numa dessas reportagens a ex-presidente teria autorizado cinco injeções letais no cãozinho. Em outras duas matérias, o cão ficaria com um assessor que permanecerá morando em Brasília e em outra o cachorrinho viria para o sul.
Os portais que noticiaram a morte do cachorro foram justamente as páginas que fizeram e fazem um contraponto ferrenho à Dilma e ao PT. Não nego que há altercações de parte à parte. E a atual política brasileira está repleta de artimanhas. Mas o cachorrinho entrou de gaiato nessa história. E pelo visto, quem ficou num mato sem cachorro foram justamente os coléricos articulistas.
Afinal, Dilma mandou sacrificar o idoso animalzinho?
É importante sabermos a verdade sobre o destino de Nego. Atualmente temos uma sociedade que protege os animais. Mas, também, merece a reflexão de onde nós iremos com esse sensacionalismo, essa intransigência que não tem fim. Qualquer assunto é motivo para ideologizar e já começamos a nos digladiar virtualmente.
A conclusão que cheguei aqui na minha santa ignorância é de que está faltando discutir política, seriamente, nesse país e analisar profundamente o tipo de jornalismo que temos.
Buscar informação na web demanda muito trabalho. Eu sou desconfiado por natureza, qualquer notícia que me causa estupefação, preciso checar numa ronda virtual pelos saites. O possível assassinato do Nego foi uma dessas buscas.  A ocasião faz o ladrão, diz o adágio popular, mas nesse caso a ocasião fez o calhorda.
Se caso o Nego vir morar em Porto Alegre, basta que Dilma não seja “sarcástica” com o animal. Mas nesse episódio do cusco da Dilma, optei pela versão da Folha. Nego ficará com um assessor que permanecerá em Brasília. Me nego a ideologizar o destino de Nego.

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