terça-feira, 13 de julho de 2021

Pátria e vida

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Costumava afirmar em tom de brincadeira – nos tempos do governo Lula – que era fácil ser dialético há quarenta anos, difícil era ser dialético hoje. Pois nos tempos de governo Lula a esquerda preferiu se recolher e o exercício dialético ficou à margem das reflexões.

Hoje, nunca na história desse Brasil se discute tanto a democracia. Porque vemos a democracia em perigo. Com a posse de Jail Borsonaro o fantasma da ditadura militar saiu do armário ou da caserna. Truculência e grosserias é o que mais presenciamos.

Há quem afirme que no Brasil está em curso um golpe militar. Por isso a sociedade e os movimentos sociais conclamam à resistência. Queremos a liberdade, imprensa livre, sem repressão as manifestações populares, sem prisões pelo ato de bater uma panela e, claro, vacina no braço. 

Aí, para espanto geral, eclodiu uma grande manifestação popular na mais famosa, impactante e charmosa ilha do mundo. Os cubanos foram às ruas pedir liberdade, comida e vacina.

“Pátria ou morte” de Fidel foi convertido em “Pátria e vida”. Novos tempos, novos jargões. Novas atitudes.

O aparato repressivo do estado cubano age com rigor. Prende manifestantes, baixa o cassetete, censura à imprensa e derruba a internet. O pacote veio completo para reprimir os gritos de liberdade.

Diaz-Canel afirmou que as ruas são dos revolucionários.

Pisou na bola, companheiro! A rua é do povo, dos artistas, dos movimentos populares. Muito simplista bradar que os protestos são de mercenários enviados por Biden. O Miguel terá que rever seus conceitos sexagenários ou aumentar a repressão para conter o clamor das ruas de Havana. Terceiriza a culpa e vira as costas ao povo. Só não pode dar uma de Migué, pois cai de maduro – sem trocadilhos – a abertura democrática.

Nós, aqui no Brasil, continuaremos lutando pelo estado democrático de direito e, à medida que a vacina vai se espraiando, seremos cada vez mais numerosos nas praças e nas ruas para conter a gana de candidatos a ditadorzinho de quinta. O povo na rua tira o sono dos poderosos.

As manifestações em Cuba nos remetem a profundas reflexões acerca do mundo que desejamos. O que queremos para a nossa nação e para os demais povos. Liberdade é a palavra que aflora nestes tempos indefinidos. E quando uma democracia e uma ditadura balançam devemos buscar no velho raciocínio dialético nossas análises.  

O povo cubano é alegre e hospitaleiro. Mas há uma necessidade de tudo. Lembro que antes de viajar para Havana um amigo falou “leve algumas camisetas do Inter, eles adoram times de futebol”. Levei três e presenteei alguns havaneses com o manto Internacional. Acho que vi o distintivo do Inter nos protestos em Havana. [rsrs]

Embora a necessidade do básico para sobrevivência o povo cubano clama por liberdade.

Vamos acompanhar as reflexões à esquerda. Assunto que adoro. Leio e gosto de ler as pessoas com extremada capacidade de reflexão.

Aguardemos.

.

.

.

.

[Os mesmos recados de sempre: sem xingamentos e comentários somente com o bom e velho português. Memes, linques e emojis serão excluídos. Grosserias serão bloqueadas.]

Nenhum comentário: