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O presidente falou merda
Num palanque no nordeste
Eita! Um cabra da peste
Língua que a gente herda
Com a minha ideia lerda
Eu vejo essa porcaria
Pois no meu dia a dia
Afeta a mente insana
Na corredeira aragana
É um fato que não sabia
Na merda todos estamos
Um faz de conta que não
Mas é na merda que o povão
Salta de galho em ramos
E assim sempre voltamos
No berço da pátria querida
Saudando essa triste vida
Sonhando que seja nobre
No bolso papéis e cobre
E uma evacuada sofrida
A merda transborda penico
É potente e volumosa
Por certo será prazerosa
No fim de baile do Chico
Naquele baita mexerico
De peidos e bostas sem fim
E eu até vejo por mim
Quem do aroma não escapa?
Sinto, assim, de inhapa
O cheiro do graxaim
Acabou o estoque de rima
E troco a merda por bosta
Tem até alguém que gosta
Seja grosso ou gente fina
Nesse olhar de relancina
Daquela cor amarela
Como gaiato na cancela
Na estância do Pau fincado
Na bosta de um colorado
Um chimango pisou nela
Essa antiga dualidade
Na vasta e larga pampa
Um índio que usa guampa
Mas luta por liberdade
Aquela velha hospitalidade
Na amizade mais profunda
Mas a payada imunda
De um gaúcho guapo e taura
Que se transforma em maula
Pois na bosta ele se afunda
Com merda volto ao tema
Para encerrar a payada
Nem chimanga, colorada
Mas vale esse dilema
Que essa vontade extrema
Na vida dos Silva Zé
Que deixou filhos e “muié”
E um antigo marca-touro
Então percebeu num estouro
Que merda todo mundo é.
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Um comentário:
Mas que baita mérda che!!!
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