domingo, 8 de janeiro de 2012

A viagem de Yoani

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

A blogueira cubana Yoani Sanchez foi convidada para participar do lançamento do documentário “Conexão Cuba/Honduras” dia 10 de fevereiro na Bahia.
O documentário trata da liberdade de expressão. Como diria o peão ao pé do braseiro cevando um mate: é aí que a porca torce o rabo.
A liberdade de expressão e o direito de ir e vir deveriam ser “patrimônios universais” de todas as pessoas. E nesse caso específico da Ilha o silêncio torna-se travestido de omissão, pois relevamos consciente ou inconscientemente as contradições vindas de Cuba. Quando recebemos notícias de falta de democracia, censura e presos políticos em Cuba, nos perguntamos: foi para essa Cuba que tomamos “Cuba Libre”?
Gostaria de ilustrar com uma hipótese, malcomparando, claro.
Imaginemos que a Fernanda Montenegro fosse convidada para receber um prêmio em Cannes ou em Berlin. Ou quem sabe o Luis Fernando Veríssimo tivesse que receber o prêmio Casa das Américas de literatura em Cuba. E ambos participariam de um debate sobre cultura e... liberdade de expressão.
Nós como brasileiros nos sentiríamos orgulhosos, nossa arte ultrapassando as fronteiras. Dois talentos brasileiros sendo reconhecidos no exterior. Mas o governo brasileiro não autoriza a viagem da Fernanda e do Fernando. Eles estão proibidos de sair do país. Qual seria a nossa reação com relação a essa atitude reacionária do governo? Botaríamos a boca no trombone. Faríamos passeatas pedindo o fim da censura. Subiríamos em cima das mesas nas assembleias. Pintaríamos a cara e tomaríamos as praças das cidades. E pediríamos o impeachment do presidente.
Mas com relação a Cuba freamos. Ficamos bloqueados. Há algo bem mais profundo que uma “Sierra Maestra” e revolucionários vitoriosos na nossa relação com Cuba. No entanto, a omissão através do silêncio pode ser uma das mais perversas atitudes de quem lutou e luta pela democracia e liberdade. Cuba precisa rever alguns conceitos – e com urgência –, pois caso contrário cairá de madura ou de podre.
Quem sou eu para dar conselhos a quem quer que seja, mas se fosse a Dilma – que, imagino, não leva ninguém para compadre – convidaria a Yoani Sanchez para visitar o Brasil como hóspede oficial. E o companheiro Raul que se resolvesse.
Enfim, faço uma pergunta ao companheiro.
– Qual é Raul, deixa a guria vir ao Brasil?
– Sem chances – acho que seria a resposta do maninho do Fidel.

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