sábado, 28 de janeiro de 2012

Por um cemitério no Beira-Rio

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O mais rico e maior time do mundo o Futebol Clube Barcelona pretende construir um “espaço memorial” no seu estádio. Espaço memorial é uma expressão politicamente correta, mais light e menos lúgubre para cemitério.
Uma proposta muito interessante, pois os apaixonados pelo esporte bretão consideram os estádios como templos do futebol. E nada mais coerente com a crença nessa “religião” que a morada eterna seja nesse templo.
O clube acatou a sugestão da torcida e, assim, torcedores, ex-funcionários, jogadores ou alguém com muita grana – após terem feito a “passagem” – poderá, de certa forma, acompanhar a equipe pelo resto dos dias. Um campo santo próximo ao campo de jogos.
Quem sabe, numa outra dimensão, os torcedores não consigam influenciar nos resultados do time do coração. Um dado é certo, descanso eterno em dias de decisão: nem pensar.
Acredito que esse espaço memorial será copiado por outras equipes mundo afora. O Beira-Rio já possui a Capela Nossa Senhora das Vitórias. Nesse local os torcedores fazem as orações pedindo e agradecendo graças alcançadas e, quem sabe, num futuro próximo, orações para seus entes queridos colorados num campo santo vermelho.
Alguns times, bem conhecidos, e outros autoproclamados imortais, deverão fazer o cemitério numa praia. Pois não é lá que eles morrem?
Um espaço memorial é uma grande ideia a ser levada a diante pelos dirigentes futebolísticos. Além de invocar a memória das pessoas queridas e jogadores que brilharam e são nacos de saudades de velhos torcedores, poderá ser uma fonte de renda. Sabe-se lá se por conta de um “camarote” desses não sustentaríamos o D’Alessandro no Beira-Rio? Ou colocarmos o Messi assessorando o Damião? Eu não tenho dúvidas em qual campo santo escolheria o Falcão. Minha dúvida recairia sobre o R10. Ele escolheria o “espaço memorial” do Barcelona ou do Flamengo?
O Coloradinho de Santa Maria não precisaria fazer um investimento dessa envergadura. Basta um convênio com o Cemitério Ecumênico Municipal e declarar a Baixada Melancólica ponto de visitação nos dias de finados.
Como não sei se vou ter grana para comprar um apartamento desses no Gigante da Beira-Rio, me contento com o futuro espaço memorial do Gandense na companhia de saudosos ferrinhos.


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