segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hoje eu acordei em 75


Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Hoje eu acordei em 75. Mais precisamente no dia 7 de dezembro.
É um tempo distante – um tempo que na política queremos esquecer –, mas que no futebol foi inesquecível para a nação alvirrubra. O Internacional conquistou o primeiro campeonato brasileiro com o memorável Gol Iluminado de Dom Elias Figueroa. Manga entrou para a história como um dos melhores goleiros que jogou no Beira-Rio pelas milagrosas defesas na decisão contra o Cruzeiro. Vitória que pavimentou, naquele ano de 1975, os campeonatos de 76 e o invicto de 79.
Quando acordei em 75 o dia amanheceu ensolarado. Os colorados estavam radiantes e confiantes com a equipe liderada por um chileno que recitava Pablo Neruda, jogava bem com os pés e com os... cotovelos para desespero dos atacantes.
Estava com 15 anos bem vividos, cursava o primeiro ano do segundo grau no Maneco e morava num chalezinho na rua Felippe D´Oliveira. Nos finais de tarde jogava bola com a gurizada da rua num campinho em frente de casa. Hoje, o antigo campinho das peladas e gols estufando redes imaginárias é um edifício de apartamentos. Eram outros tempos e o futebol um pouco diferente. Mais arte e menos força. Mais camiseta e menos grana na conta dos boleiros. Os craques faziam carreiras nos times e jogavam por longos anos.
É impossível não lembrar os craques da década de 70 – o melhor time da década – nomes que estão gravados na memória dos torcedores: Manga, Claudio, Figueroa, Marinho e Vacaria. Falcão, Caçapava e Paulo Cesar. Valdomiro, Flavio e Lula. Benitez, Batista, Dario, Escurinho e o Príncipe Jajá. E tantos mais que alegram a memória dessa imensa torcida.
Naquele longínquo 07.12.1975 o interesse e apreensão dos colorados estava no estádio Maracanã. Jogaram pelas semifinais do brasileirão Fluminense x Internacional. E, como sabemos, também foi uma memorável vitória. Um dois a zero – com gols de Lula e Paulo Cesar – para lavar a alma pampiana dos maragatos. Segundo uns mais afoitos aquele resultado foi o segundo Maracanaço da história. 
Impossível esquecer a triangulação fatal de Vacaria, Paulo Cesar – que ainda não era Carpergiani – e Lula naqueles anos dourados que culminaram com o tricampeonato em de 79.
Hoje eu acordei em 75 é e muito bom saber que vamos ganhar do Fluminense. Muito bom saber que o Maracanã vai silenciar diante do Internacional.
Enfim, se eu acordar no dia 10.05.2012, que silencie o Engenhão. 

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