No
mesmo dia em que a torcida do Internacional faz uma calorosa recepção para o
melhor jogador da copa 2010 – o craque Diego Forlán – leio a notícia no jornal
que outro craque – Gabriel García Márquez – não vai mais escrever.
O
Gabo, como é conhecido carinhosamente o colombiano, sofre de demência senil e
está perdendo a memória. Uma notícia lastimável para a literatura. O escritor não
escreve mais, por isso ninguém escreve ao coronel e nós, leitores, como o
general, ficamos em um labirinto. Um labirinto que só a literatura pode
explicar. Não leremos mais um livro de García Márquez, e, assim, nos colocamos diante
de um pelotão de fuzilamento na fictícia Macondo. Hoje, somos todos personagens
de García Márquez, ficamos órfãos de sua genialidade e lamentamos essas notícias
tristes. Aliás, uma puta notícia triste.
“Si
se calla el cantor, calla la vida, porque la vida misma es toda un canto” diz a
bela canção de Horácio Guarani. Eu diria que quando se cala um escritor, também
cala a vida, porque a vida mesma é todo um livro. Extingue-se a produção. Mas permanece
uma vasta obra a ser desbravada e um autor a ser admirado. Lamentamos
profundamente, mas é a lei da vida. Quem sabe se no dia de hoje não nasceu um escritor
nessa sofrida América Latina.

Enquanto
o colombiano encerra sua jornada com talento e sabedoria, um uruguaio chega a Porto
Alegre para, também, cumprir uma jornada com talento e sabedoria.
Recoloco
o livro de García Márquez no seu devido lugar na estante. Triste pela
literatura, feliz pelo Internacional. Essa é a grande contradição de quem é
apaixonado pelos livros e pelo futebol.
Diego
Forlán e García Márquez os nomes desse sábado ensolarado no Rio Grande do Sul. Esse
dia – 07.07.2012 – fica marcado dialeticamente como triste e alegre.
Obrigado
Gabo. Seja bem-vindo Forlán.
2 comentários:
Desmemórias de um puto escritor que agora nos deixa - triste.
Um dos autores que mais li. É muito triste.
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