quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O último Gre-Nal



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Seria a tragédia do milênio se algum dia fôssemos assistir ao último Gre-Nal. Por algum motivo – que é impossível imaginar, uma hecatombe talvez – não haveria mais esse clássico para alterar os ânimos dos gaúchos. As segundas-feiras perderiam seu encanto, se é que existe algum encanto numa segunda-feira. E os gaúchos entrariam em profunda depressão. Mas o fato é que no domingo – 02 de dezembro de 2012 – assistimos ao último Gre-Nal... no Olímpico.
Não era um clássico de alto risco, não estaria a prova uma grande decisão. Mas era um jogo cheio de simbolismos. O enfrentamento que encerrava uma Era no futebol gaúcho.
O atual momento do GFBPA o tornava favoritíssimo para conquistar a vitória e a vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Uma questão de honra seria vencer o derradeiro jogo no Olímpico antes da demolição. Se possível com goleada para sepultar o humilhante escore do primeiro Gre-Nal. Para os fanáticos tricolores uma festa de despedida e homenagens em que o choro seria, apenas, de emoção.
E para os colorados? Melar um pouco essa despedida.
Com um desempenho mediando no campeonato brasileiro, finalizar o ano com uma vitória sobre o arquirrival atrapalhando a festa de adeus ao velho estádio, não deixaria de ser uma importante “conquista”.
Como diz o chavão: Gre-Nal é Gre-Nal.
Um jogo sem maiores percalços torna-se uma epopeia digna de DVD.
O Internacional joga o segundo tempo inteiro com dois jogadores a menos. E o que parecia ser uma avalanche de gols para os tricolores, confesso que o escore de um a zero para o GFBPA eu consideraria vitória colorada, transformou-se em jogo heroico para uma equipe esgualepada, mas aguerrida em campo. O primeiro Gre-Nal no Olímpico foi 6 a 2 e o último um grandioso empate com sabor de vitória.
O segundo tempo teve clima de decisão. Estava em jogo a honra dos atletas, dos clubes e o passado de cada agremiação. O comentarista falou que as expulsões, o antijogo, empurrões e brigas macularam as tradições do Gre-Nal. Mas eu acho que para manter as tradições do clássico tem que haver justamente isso: xingamentos, vontade, briga e dedo na cara. Senão não é Gre-Nal.
O empate ficou de bom tamanho. Comemoram os colorados um jogo que poderiam ser goleados. E choram os tricolores a despedida do Olímpico.
Um jogo em que são expulsos três atletas, os dois treinadores, bate-boca de cartolas e muito sangue nas camisetas é uma decisão. Afinal, Gre-Nal é Gre-Nal. 

Nenhum comentário: