sábado, 29 de dezembro de 2012

Um par de meias



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

As festividades de fim de ano aproximam as pessoas. Nos tornamos mais solidários, ofertamos Cidras aos trabalhadores que recolhem o lixo e ranchos e agasalhos às instituições de caridade. Desejamos felicidades, saúde, paz e dinheiro no bolso, que, convenhamos, ajuda bastante. Um ano que inicia sempre nos enche de otimismo. Renovamos nossas esperanças de que um mundo mais humano e igualitário é possível. Esquecemos as nossas agruras e nos abraçamos saudando o ano que entra e, se possível, saldando o ano que finda. Mas, certamente, sondando o parente que se achega só com a vontade. Pipocamos fogos nos céus e estouramos espumantes. Tudo para celebrar a alegria.
Para realizar nossos sonhos não abrimos mão de superstições e simpatias.
No primeiro minuto do ano umas colheradas de lentilhas são fundamentais para termos sorte. Vestir branco também significa harmonia e paz. Dizem que se comermos 12 uvas – uma para cada mês do ano –, ajuda na prosperidade e dinheiro. Não há necessidade de comer uma uva para cada dia do ano, a sua fortuna não aumentará e você ainda poderá ter uma desagradável dor de estômago e sua entrada de ano novo ser uma correria. Embora os porcos vivam nos chiqueiros eles fuçam para frente, então: porco assado na virada. Porco assado light para os preocupados com as calorias. E nada de porco para quem está na berlinda da balança. Logicamente que na mesa não poderá faltar o panetone marca Big.
Algumas superstições estão sendo renovadas. Se você encontrar com algum figurão envolvido no esquema do mensalão, por exemplo, é importante não liberar seus instintos mais primitivos. Contenha-se. Sublime-se. Dá azar.
Se você estiver caminhando distraidamente “do lado direito da rua Direita olhando as vitrines coloridas” e ver o Presidente Lula; duas opções: se você tiver mais de 40 anos, tudo bem, o encontro será amigável e tranqüilo. Significa paz. Agora, se você tiver 20 anos e mesmo sendo de direita, convém cruzar a rua, desloque-se imediatamente para o lado esquerdo sem olhar para trás. Mas, cuidado, não vá dar uma de Iracema e atravessar contramão.
Quando jovem e estudante, gostava de ir ao cinema acompanhado e sempre convidava uma colega. Diante da bilheteria do Glorinha eu solicitava “Um par de meias, por gentileza”. É claro, recebia um sorriso da atendente. Hoje, peço um par de inteiras, mas não tem a mesma graça.
Atualmente, a minha única superstição de fim de ano, e que me faz lembrar as meias do saudoso Cine Glorinha, é usar um par de meias no pé direito. Assim, eu garanto que não entrarei no ano novo com o pé frio.
Enfim, não sei o que implica dar três pulinhos num pé só. Mas três pulinhos com o pé direito com um par de meias de lã deve ter algum significado.

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