quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O banimento de Dunga



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

As opiniões devem ser respeitadas, isso é um princípio basilar da boa convivência – cláusula pétrea nesse convívio virtual –, mas podemos discordar com veemência. E expressar nossa indignação, inclusive, com severidade diante de algumas estultices. Nesses últimos momentos no Brasil não faltaram “personalidades” das mais variadas áreas falando bobagens. Banimento: a palavra da vez.
Houve um tempo no Brasil que a palavra banimento era indigna e perversa, mas sinônimo de despedida e sobrevivência. Outros sequer tiveram a chance de serem banidos. Quantos foram os brasileiros exilados por pensar diferente? As fotos de cidadãos algemados diante de um avião e documentários estão aí para serem testemunhas desse passado nebuloso.
Banimento é uma palavra que enseja atrocidade, é terrível e reacionária. Traz no seu bojo sangue e sofrimento. Banimento deveria ser banida do dicionário. A pessoa tem que ser banida de alguma coisa para sentir o seu real significado.
Num programa de esportes, um certo humorista querendo fazer gracinhas – inoportunamente Global – usou a palavra banido para se referir ao técnico do Internacional. Afirmou que Dunga deveria ser banido do futebol. O pimpolho da Globo atacou o técnico por seu estilo direto, incisivo e suas opiniões e estratégias no campo de jogo. Segundo ele uma pessoa mal-humorada, carrancuda. Uma atitude não condizente com o esporte.
Nós conhecemos o Dunga e sua trajetória no Inter e na Seleção – como jogador e capitão e como técnico – e Dunga é um dos cinco brasileiros que tiveram o privilégio de levantar a taça da Copa do Mundo. Aliás, tem que ter muita “cara de pau” para pedir o banimento de Dunga do futebol.
Também sabemos e admiramos o Dunga pela sua capacidade de organização, perseverança e dedicação. Suas opiniões são fortes. Dunga não é um puxa-saco de carteirinha. E não leva ninguém para compadre. Isso é motivo para ser banido dos campos de futebol?
Dunga não é o queridinho da mídia, mas tem o respeito dos colorados. E isso que importa. Dunga é autêntico.
Em resposta ao expalhacinho das tardes de domingo Dunga falou simplesmente “cada palhaço no seu picadeiro”. Talvez ele entendesse melhor se Dunga tivesse dito “cada um no seu quadrado”.
Isso é ser elegante. Atitude que faltou ao humorista. Respeito pelo que Dunga fez e ainda fará pelo futebol é o mínimo que se exige. Mas seria pedir demais para um deslumbrado com a fama, mas como diria meu pai, respeito é bom e conserva os dentes.

2 comentários:

Ulisses Santos disse...

Muito legal quando leio um texto que está com todas as palavras que eu penso sobre o assunto. É isso mesmo.
Abraços. visite: www.textosparaomundo.blogspot.com Meu blog.

Athos Ronaldo Miralha da Cunha disse...

Gracias pelo comentário.