Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Zé é um excelente corretor de imóveis. O
melhor e mais eficiente da imobiliária. Um trabalhador extremamente dedicado à
empresa. Um negociador de mão cheia. Zé nasceu para ser vendedor.
Com todo esse currículo, Zé foi incumbido
de administrar um loteamento de alto padrão em uma área muito valorizada na
cidade. Clientela direcionada: grã-finos.
Zé teria que ser um administrador zeloso
e de fino trato para negociar com a grã-finagem.
Então, o Zé entrou de corpo e alma no
negócio e começou a execução do loteamento. Diante de tamanha envergadura do projeto
envolvendo cifras estratosféricas o olho do Zé cresceu, junto com o olho, o
bolso e a conta bancária. Os negócios das vendas dos lotes não foram – digamos assim
– nada republicanos.
Os negócios estavam indo muito bem. A olhos
vistos, diga-se. O Zé trocou de carro, tinha um Golzinho com revisão atrasada e
focou num Focus. Morava num bairro popular e adquiriu uma casa no local mais
chique da cidade e reservou um lote de terreno no próprio loteamento em que era
o empreendedor. Zé queria ser vizinho dos ricaços.
Tornou-se o maior incorporador de loteamentos
da cidade e comentava – entre um gole e outro de uma dose de uísque 18 anos –
que logo seria o maior do estado. O Zé prosperou.
Zé era o rei dos loteamentos. O rei dos
lotes. Qualquer área que o Zé empreendia quintuplicava de preço. Entre seus
pares, num primeiro momento, ficou conhecido como Zé dos Lotes. Mas logo seus próprios
pares reduziram a alcunha para Zé Lotes.
E assim o Zé seguiu seus negócios, praticamente
intocável. Em silêncio e sem alarde. Dizem as más e as boas línguas que Zé
Lotes sonha em ser governador, quiçá presidente.
Na camufla, sem alarde, quieto. O velho
e inconfundível estilo do Zé Lotes.
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