quarta-feira, 3 de junho de 2015

O pote de sorvete



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Fila de supermercado sempre rende. E, às vezes, atazana nossa paciência. Eu era o próximo da fila, tinha uma cestinha com meia dúzia de mantimentos. Na minha frente, passando as compras, um jovem casal. Após “autenticar” o último produto, o jovem do jovem casal lembrou que havia esquecido algo. E saiu em busca do que faltava. A caixa ficou aguardando – teve que aguardar – tamborilando na balança em sua frente. Quando o jovem do jovem casal chega com uma garrafa de “Velho Barreiro” a jovem do jovem casal também lembrou alguma coisa faltante. – É só um minutinho – e saiu.
E eu comecei a ficar impaciente. Tem pessoas que conseguem empatar a vida da gente. Então, a jovem do jovem casal chegou com um pote de sorvete “Diamante Negro”.
Bah! É tudo que estava precisando. Mas eu não sou do tipo que atrasa a fila. Estava salivando para cima do pote de “Diamante Negro”. E o pote não parava de olhar para mim. Aguentei firme. Iria ficar com os meus cereais, pão integral, creme de ricota e iogurte zero.
Nesse momento a moça do caixa soma a conta do jovem casal. Alguma coisa em torno de setenta e seis reais e uns quebrados. O jovem do jovem casal conta o dinheiro e percebe que falta um pouco. Tinha R$ 70,00. O jovem do jovem casal olha para a jovem do jovem casal e fala.
– Vamos ter que tirar uma mercadoria. Tenho só setenta.
Eu comecei a ficar nervoso. Já não sabia como externar meu descontentamento. Para me vingar e deixar o cara que seria o próximo “P” da vida, pensei em ir buscar o pote de sorvete. Seria muita maldade.
Então o jovem do jovem casal falou. – Tira o pote de sorvete.
Bingo! Sorri em silêncio.
Da minha lista de compras foi o primeiro que passou. Recomendo, é muito bom.

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