domingo, 11 de outubro de 2015

De como estocar o vento



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Os discursos da presidente Dilma são inspiradores. Os cronistas políticos agradecem os pensamentos pós-modernos e vanguardistas quando ela envereda para o improviso. Imagino, quero crer, que tenta uma linguagem popular, mais voltada para o povo. E sem o traquejo de seu antecessor, descamba para o risível. Para uma filosofia de botequim.
A última: estocagem de vento. Convenhamos, no Ponto de Cinema Bar teríamos panos para a manga por horas a fio.
A militância das redes sociais é fiel. Disciplinada e ordeira e multiplica explicações de vento em popa. Eu fico perplexo lendo os textos de alguns “ministros” da Dilma tentando explicar sobre a possibilidade de estocagem de vento. É uma atitude louvável, admirável até esse esforço militante, mas é mais ou menos como explicar a geração infinita de energia amarrando um pão com manteiga nas costas de um gato.
Mas quando se falou, pela primeira vez, em vento estocado eu lembrei que na minha tenra infância existia um tal vento encanado. Então, concluí que seria relativamente fácil armazenar ou estocar o vento, bastava antes de tudo saber como encaná-lo. E encanar o vento é coisa da vovó.
Muito antes de a Dilma estocar o vento, minha vó encava. Minha vó entendia bem de “vento encanado”, inclusive ela sofria de vento encanado e era um mal curado com agasalho. Do vento encanado para a pontada era um pulo.
Como encanar o vento?
Em dia de ventania temos que abrir, simultaneamente, a porta da frente da casa e a porta do fundo. Todas as demais aberturas devem permanecer fechadas. Então, quando o vento entrar pela porta da frente, automaticamente, ele vai sair pela porta do fundo. Aí teremos o vento encanado. Agora, temos que ser rápidos o suficiente para fechar a porta do fundo e da frente após o vento ter entrado, nesse instante teremos o vento estocado, ou armazenado, ou aprisionado. Como deseja a presidente.
Essa experiência poderá ser feita, com certa facilidade, em Santa Maria nos dias de vento norte.
Se, após todos esses procedimentos, a experiência não der certo, não basta se queixar para o bispo, tampouco para a Dilma, porque ela está caminhado contra o vento, sem lenço e sem documento...

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