terça-feira, 20 de outubro de 2015

Por uma seleção brasileira do Brasil



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

A crise porque passa o Brasil está representada nos mais variados segmentos da sociedade. Estamos vivenciando uma crise política, econômica, de conduta, de lideranças e também no futebol, agravada com o vexame da Copa de 2014 diante da Alemanha.
Os jogos das Eliminatórias – que eu acho que deveriam se chamar Classificatórias – da copa do mundo nos revelam uma seleção que requer alguns cuidados táticos para evitar a “Neymardependência”. Se em outros tempos tínhamos um craque em cada posição, hoje temos apenas o deslumbrado do Neymar.  
Eu, particularmente, não estou empolgado com essa seleção de Dunga. Não me cativa como já cativou as seleções de 82 e 86. Falta brasilidade nos atletas. Falta paixão de torcedor nos jogadores. Não temos mais comemorações memoráveis como aquela do Falcão no gol contra a Itália em 82. A do Bebeto em 94. Ali estava representada toda a garra de um atleta e torcedor. Uma atitude que contagiava a torcida. Uma devoção pelo país que estava representando. Falta humildade nos atletas.
Penso que falta ao escrete canarinho atletas brasileiros em campo. Eu sou adepto de uma escalação com jogadores atuantes no Brasil [tudo bem, três jogadores atuando fora]. Uma escalação cujos sobrenomes dos atletas sejam: o fulano do Inter, o beltrano do Flamengo, o cicrano do Corinthians, o manezinho do Avaí – apenas uma citação, compreendido? – e assim por diante. A torcida pelos clubes é mais apaixonada, e se esses clubes tem atleta na seleção, a excessiva paixão será automaticamente transferida com a mesma energia. Desejo uma seleção brasileira com jogadores atuando no Brasil. Nem que fosse em caráter experimental num torneiozinho mixuruca em 2016.
Tenho a sensação que despertaria aquele velha vocação de torcedor da seleção que encantou o mundo em várias copas. Aí os fiascos protagonizados pela CBF estariam, exclusivamente, fora das quatro linhas do gramado.

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