sexta-feira, 24 de junho de 2016

O porco, o jacaré e os humanos racionais.



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O ataque certeiro de um jacaré no porco às margens do lago é da natureza do jacaré e o mundo animal e a cadeia alimentar pode explicar essa selvageria.
Circula na web um vídeo em que um terceiro personagem entra na tragédia do porco. Às margens do lago estão alguns porcos, um jacaré na espreita e humanos racionais e turistas em um barco. Os humanos atiram alimentos para atrair os porcos para a água. E, assim, continuadamente os alimentos são jogados e atiçam os porcos em busca da refeição cada vez mais afastados da margem. O final do vídeo é previsível. O jacaré abocanha um porco para divertimento dos humanos turistas racionais e nada acidentais.
[Não vou comentar sobre os berros de desespero do porco].
A cena retratada no vídeo mostra uma situação de poder. Relações entre oprimidos e opressores. Cruéis opressores. E me fez lembrar algumas frases bem conhecidas ditas por personalidades no trato desse assunto. Cito duas apenas.
“O opressor não seria tão forte se não tivesse cumplices entre os próprios oprimidos.” [Simone de Beauvoir].
“Se você é neutro em situações de injustiça você escolhe o lado do opressor.” [Desmond Tutu].
Nessa disputa entre os porcos e o jacaré os humanos racionais, sequer foram neutros, e tomaram o lado do jacaré. Diria que, politicamente, fizeram um acordo – coligação – com o jacaré. Até imaginei que no final do vídeo os humanos racionais iriam pular na água para comemorar a vitória com o jacaré. Afinal, foi uma coligação vitoriosa. Claro, os humanos racionais não são idiotas.
As próximas cenas do vídeo poderiam ser assim: os jacarés fariam uma reunião e invadiriam o barco em que estavam os humanos. Os humanos ficariam desesperados com a traição do jacaré. E, possivelmente, o grupo do jacaré tomaria conta do barco, pensando bem, acho que destruiriam o barco e os humanos seriam banqueteados. Com sorte algum humano escaparia a nado até a margem. Mas não estaria mais no poder. Foi traído pelo jacaré. Não adiantaria os humanos vociferarem que é golpe. Até pode ser golpe, mas é da natureza do jacaré.
A lição que podemos tirar do vídeo é que a natureza em dados momentos é muito cruel. E os humanos, em algumas situações, são uns bestas quadrados.
Enfim, trazendo para a política – esse texto tornou-se político –, e como temos eleições nesse ano, penso que os partidos devem fazer coligação com quem, juntos, possam comemorar a festa da vitória. Caso contrário, no futuro, aguentem a natureza do jacaré.

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