terça-feira, 14 de junho de 2016

Que futebol é esse?



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O futebol brasileiro está em crise. A seleção brasileira não convence e consegue um fiasco na Copa Centenário tal e qual o 7 a1 na Copa do Mundo.
A crise no Brasil é sistêmica: política, econômica, ética, representativa... e, por que o futebol seria diferente?
Achamos que a goleada sofrida contra a Alemanha seria o fundo do poço e que o futebol renasceria das cinzas, mas uma entidade que é dominada por picaretas prevaleceu a lógica das ferramentas, eles conseguiriam cavar mais fundo. Os mesmos dirigentes, um ex-técnico ungido a zangado diferente e o fiasco anunciado saltita nos olhos. Iludir-nos-emos contra o Haiti. Mesóclise para não esquecermos o interino.
A crise no futebol é o reflexo do país e vice-versa. No reino dessa “Dinamarca” há algo muito além do que algo de podre.
Perdemos o encanto com a política, como também perdemos o encanto com o futebol. Há uma necessária moralização de ambos porque ambos estão contaminados pelo vírus da corrupção. Carcomidos pela mesmice.
A ideia original da crônica seria o tema restrito ao futebol, mas a política interfere no esporte e interferiu no texto. Lógico. Então, que país é esse?. Virou que futebol é esse? E Renato Russo entra na história porque a coisa está ruça.
Mas tentarei resistir e voltar ao futebol da seleção.
Não sei se sou eu que não tenho vocação para ter ídolos – o último ídolo que tive se chamava Valdomiro Vaz Franco –, mas penso que faltam ídolos na seleção. A torcida apaixonada precisa de ídolos. Um craque que sirva de exemplo para a torcida e para os craquezinhos das escolinhas. Faltam jogadores identificados com o Brasil. A impressão que tenho que cada convocação vira uma grande festa. Uma grande brincadeira. Um baita baile funk. Extracampo jogam para a torcida e dentro do campo jogam pelos cifrões. Ganhando ou perdendo o volumoso “ganha-pão” está garantido. Quando o Brasil é desclassificado de uma competição os atletas dão uma passadinha no Brasil e vão sofrer os fiascos em Paris, Londres, Barcelona, Berlim e Roma.
A seleção precisa de jogadores com sobrenomes brasileiros: fulano do Flamengo, cicrano do Inter, beltrano do São Paulo. Se fosse técnico convocaria jogadores atuando no Brasil. Teria cotas para estrangeiros, uma espécie de política afirmativa para brasileiros que jogam no exterior.
Talvez, assim, a torcida tornar-se-ia mais identificada com a seleção. Segunda lembrança do interino. E chega dessa paranoia.
Pode ser que o novo técnico consiga dar uma revigorada nessa turminha de deslumbrados chutadores. É possível que consiga um maior comprometimento. Mas a moralização do futebol brasileiro não será resolvida com a troca do técnico. O que a torcida deseja é uma distribuição a rodo de cartões vermelhos para essa cartolagem usurpadora. Mas por enquanto o culpado é o Dunga, esse, sim, o verdadeiro interino.

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