quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cartão vermelho

Os cartões corporativos são o assunto do momento.
Mais uma malversação das verbas públicas a serem explicadas pelos detentores dessas benesses federais. Mais uma CPI a ser criada e, provavelmente, uma nova modalidade de pizza a ser servida à população.
A contabilidade é exorbitante. Vários extrapolaram nos gastos, mas a ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro foi muito além do tolerável e utilizou, no ano passado, cerca de R$ 171 mil em gastos nada compreensíveis. Free shop e bares não são lugares para o uso devido de um cartão corporativo.
Os cartões de crédito são uma das maravilhas que a tecnologia nos oferece. Mas quem não fizer um uso parcimonioso do cartão sentirá, no vencimento da fatura, o desfalque em sua conta bancária. Quantas pessoas estão esgualepadas – como diria um ex-governador – financeiramente pelo uso indiscriminado e compulsivo dessa comodidade?
Um cartão de crédito requer muito juízo e educação financeira. O servidor que possui um cartão corporativo tem que ter ciência de todos os quesitos éticos de sua utilização e sempre ter em mente a seguinte pergunta: quem está pagando essa conta? Com a devida resposta: o erário.
O uso indisciplinado e escandaloso de um cartão corporativo põe em descrédito as pessoas que deveriam zelar pelo patrimônio público. A bem da verdade, a frase zelar pelo patrimônio público soa tão utópico nesses tempos de mensalão, dólar na cueca, caixa dois, tráfico de influência e troca de favores, que nada mais nos comove, importa ou indigna.
Hoje, são 11.510 servidores federais, gastando uma grana federal, com o cartão corporativo a sua disposição. E o total de gastos desses cartões corporativos foram, em 2007, na ordem de R$ 78 milhões. Em outros tempos transformaríamos esse valor em casas populares ou em salas de aula.
Os cartões corporativos não devem ser extintos e, sim, regrados. Onze mil servidores com cartão, nem que não tenham usado um centavo sequer, já é um número vergonhoso. Algo que extrapola o razoável.
O que é o Bolsa-Família, senão um cartão corporativo social? Existem regras para sua aquisição e uso. Cada família gastará R$ 95,00 por mês. O cartão corporativo deve ter o mesmo princípio. E uma norma: prestação de contas e limite. Em síntese, transparência.
Ou, então, cartão vermelho para o cartão corporativo triturando-se onze mil cartões. E acaba-se, em definitivo, com essa apoteótica farra.

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