terça-feira, 28 de julho de 2009

Primavera con una esquina rota


O belo romance editado pela Alfaguara Primavera num espelho partido não surpreende, porque o talento de Mario Benedetti não causa surpresa. Ao terminarmos a leitura percebemos que somos um pouco mais humanos. Um pouco mais gente. Ao abrirmos um romance de Benedetti temos certeza de uma agradável companhia.
O protagonista da narrativa, Santiago, é um preso político da ditadura uruguaia. Comunica-se com a família por cartas, e nessas correspondências são tratadas as agruras do cárcere e as incertezas dos familiares no futuro.
A narrativa passeia pelas vozes dos personagens, inclusive, nos relatos vividos no exílio pelo próprio Benedetti. Mas o autor do excelente A trégua supera-se na criatividade e na ludicidade quando Beatriz, a filha de Santiago, assume e narra a história: tango é uma música triste que se canta quando se está alegre para ficar triste de novo. A passagem pelo aeroporto eu deixo para o leitor descobrir. Bem como a notícia a ser dada a Santiago quando de sua liberdade.
O texto de Mario Benedetti é tão envolvente que passa a sensação de que poderíamos, a qualquer momento, nos encontrarmos em uma esquina – talvez rota – em Montevidéu para tomar um café.
Um detalhe apenas ficou meio estranho, o título em espanhol Primavera con una esquina rota foi traduzido para o português como Primavera num espelho partido. Ficou meio “roto” embora mais poético. Mas o porquê da Primavera fica evidente no romance.

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