domingo, 20 de junho de 2010

Nós, os reacionários

O senhor Brasileiro, que em outra encarnação foi jogador de futebol, resolveu opinar sobre o grau de politização dos gaudérios. E pelo modo como enxerga o mundo e a filosofia, diria que o senhor Brasileiro é um pré-socrático.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian afirmou que Dunga é gaúcho e os brasileiros do sul são reacionários. Aí o senhor Brasileiro confundiu futebol e política. Coisa que, na maioria das vezes, os democratas misturam.
Um povo que se rebela contra o governo federal e faz a revolução Farroupilha que se estendeu por uma década, é reacionário? Pode ser. Se um bando de caudilhos marcham em direção ao centro do país e amarram seus cavalos no obelisco da capital para pôr fim a um tipo de politicagem é ser reacionário? Somos reacionários. Se liderarmos a cadeia da legalidade para preservar as instituições democráticas é ser reacionário? Somos reacionários.
Poderíamos elencar inúmeras ações dos gaúchos reacionários que elucidariam o grau do nosso “reacionarismo”. Mas o senhor Brasileiro colocou no estereotipo de Dunga toda a sua análise e, assim, todos os gaúchos viraram uma coisa só.
A grande questão é o futebol, essa discussão deveria ser travada no tipo de futebol que praticamos. E aí que o bicho pega. O senhor Brasileiro jogou em uma das melhores seleções do Brasil, a que praticava o futebol arte. Só que o senhor Brasileiro não conseguiu ser vitorioso com o futebol arte e com os seus passes de calcanhar. Em 1982 e 1986 o time canarinho foi estupendo. O talento do Brasil começava na beira do campo de jogo com o saudoso Telê Santana. Mas foi uma seleção derrotada. Encantou o mundo, mas não trouxe o troféu.
Em 1994 a seleção joga um futebol esquemático e técnico. E ressurge das cinzas o capitão Dunga, o reacionário.
Após mais uma derrota em 2006 com os galácticos, novamente, Dunga, o reacionário, volta à seleção em 2010 e implementa o futebol de equipe. Do coletivo. Sem os estrelismos e constelações. Seria demais para o senhor Brasileiro ver – mais uma vez – triunfar uma equipe liderada por Dunga, o reacionário. O senhor Brasileiro era inteligente quando jogava, tinha futebol na cabeça e nos pés. Suas entrevistas não tinham a mesmice do “com certeza”. Então, deve ser cruel ver um ex-jogador bruto e técnico “moldado a facão” ser vitorioso.
Mas nós, os reacionários, somos assim. Fazer o quê? Já fizemos das nossas na política e, certa feita, na década de 70, nos rebelamos contra o Brasil e desafiamos a seleção canarinho num jogo que acabou empatado em três gols. Tudo por causa da não convocação de um reacionário.
Bueno, esse pessoal do sul já fez um fórum mundial, que foi contraponto a fórum de Davos. Em outra oportunidade, elegeu um negro governador e na última eleição, esse povo machista, elegeu uma mulher para governá-lo.
Putz! Que povo reacionário esse, hein senhor brasileiro?

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