Se fizermos uma enquete perguntando quem é Carlos Augusto Ramos,
poucos saberão responder. Mas quando afirmamos Carlinhos Cachoeira, cai a
ficha. Uma figura contumaz nos noticiários políticos.
As ramificações desse Carlos Augusto são de causar inveja a qualquer
Al Capone tupiniquim. A lista de crimes elencados na CPI é extensa. Sonegação
fiscal, tráfico de influência, formação de quadrilha... e por aí vai.
O povo brasileiro acompanha atentamente
o desenrolar da CPI do Cachoeira. Mas com um pé atrás, dado o histórico das
últimas CPIs, a morosidade do judiciário e a impunidade como consequência.
Até o presente momento o que mais chama
atenção nessa comissão é a envergadura – política e jurídica – do advogado de
defesa. Márcio Thomaz Bastos é o advogado do contraventor. Muito justo. Todos os
cidadãos têm direito a um defensor. E o ex-ministro está legalmente habilitado
para tal. Mas um dado que impressiona é o valor dos honorários advocatícios do
Dr. Bastos, 15 milhões de reais. Muito mais que uma cachoeira, uma avalanche de
dinheiro.
Eu não consigo avaliar o que passa na
cabeça de uma pessoa com o histórico do Thomaz Bastos quando aceita essa
incumbência. Tudo bem, a grana é federal e o advogado tem prestígio em casos
escabrosos, mas o todo poderoso ex-ministro da justiça não titubeou em aceitar
essa tarefa. Ser advogado de um delinquente do quilate do Cachoeira não
macularia sua história jurídica? Aliás, como ex-ministro ele poderia ser
advogado do Cachoeira? Eu também não sei quais os fundamentos éticos no
exercício da profissão, mas acho muito estranho. Pode e deve ser legal, mas,
moralmente, tenho lá minhas dúvidas.
Eu sou ingênuo, o que vale é grana no
bolso e mídia. A ostentação de oráculo da classe dirigente e eminência parda do
poder. E poder degustar um Romanée-Conti, um Château d’Yquem ou bebericar um
Johnnie Walker Blue Label King George após as sessões da CPI no aconchego de
sua sala de estar. Esse caso é emblemático. Um influente ex-ministro na defesa
de um contraventor deve ser analisado pelos poderes constituídos. Ou aumenta-se
a quarentena para os agentes públicos ou nos casos de crimes do colarinho
branco os réus sejam defendidos pelos defensores públicos.
Se a justiça confiscar os bens do criminoso como seriam pagos os
honorários do advogado? Nesse caso quando o advogado receber o cheque referente
aos honorários a grana torna-se legal? Diante das câmaras da CPI, sem o
ex-ministro cochichando ao seu lado, aquele sorrisinho amarelo e debochado do
Carlinhos mudaria de cor. A cachoeira seria um filete de água turva.
O país da impunidade e do jeitinho tem
que acabar. Está mais do que na hora de darmos um basta nisso tudo. Mesmo que –
para esse basta – não tenhamos a ajuda do Marcio Thomaz Bastos.
Eu não queria usar a palavra que os brasileiros
tanto pronunciam quando o Congresso instala uma CPI. É lugar-comum. Mas com
licença que vou ligar para o tele-entrega e encomendar uma pizza calabresa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário