quinta-feira, 3 de maio de 2012

O gandula argentino


Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Nos últimos anos os craques argentinos do Internacional fizeram a festa infernal da torcida.  
Atletas que colocaram a verdadeira garra castelhana nas competições e são identificados pela nação colorada como lutadores. Guerreiros. E, na maioria das vezes, invocados. Mas é por essa atitude em campo que são admirados. Um estilo “não levo desaforo para casa”. 
Essa ojeriza aos castelhanos – em particular aos argentinos – incentivada e transmitida pela mídia formadora de opinião, não encontra eco quando o assunto é argentino jogando no Beira-Rio.
No final do segundo turno do Gauchão 2012 – a Taça Farroupilha – o Gre-Nal foi vencido pelo colorado com um gol de Jésus Dátolo – um argentino bem-vindo ao inferno – e outro de Fabrício, num escanteio cobrado por Jajá. O gol deles eu já esqueci, minha memória anda meio titubeante, mas deve ter sido um golzinho de chiripa.
Os argentinos têm se caracterizados como verdadeiros carrascos nos Gre-Nais. D´Alessandro e Dátolo são os mais recentes algozes do ex-time da Azenha. Ou seria o time da Ex-Azenha?
Nesse Gre-Nal também foi protagonizada uma grande polêmica, por conta de um escanteio cobrado justamente pelo Jésus Dátolo. O técnico do coirmão não gostou da maneira como o gandula repôs a bola para cobrança. E se dirigiu de dedo em riste para o guri e nariz empinado. O jogo virou uma pantomima. Bate-bocas e empurrões. Resultado: o todo poderoso técnico do coirmão baixou a crista e foi expulso por conta das trocas de gentilezas com um humilde gandula.
Nesse mesmo domingo, a mesma polêmica no Rio. Uma bela e charmosa guria – uma loucura de gandula – no Engenhão repôs a bola em dois segundos para a cobrança de um lateral. O lance culminou com o gol de Loco Abreu.
Então, os cartolas dos dois Rios – o Grande do Sul e o de Janeiro – entraram em campo e as discussões se estenderam durante toda a semana seguinte. Num país como o nosso, advinha em que a corda vai arrebentar? Bingo! Se você respondeu gandula.
Isso é uma prova que os gandulas estão jogando bem. Treinam com os jogadores. Assim, para delírio da torcida, o Inter deveria contratar a charmosa e bela gandula do Rio – aquela loucura de gandula – para repor as bolas em jogo com mais graça, delicadeza e vibração para a galera. No entanto, na impossibilidade da formosa do Engenhão vir “gandular” no Beira-Rio podemos recorrer aos argentinos. Já imaginou gandulas castelhanos repondo as bolas no escanteio?
Um gandula castelhano naquele Gre-Nal teria dado umas bordoadas naquele cola-fina do dedo em riste e virado herói com direito a um busto no museu do Beira-Rio.
Gandula castelhano, já!

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