sexta-feira, 19 de abril de 2013

O valente Vanderlei



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

O “corridão” – como diria meu avô – que o Vanderlei Luxemburgo levou no final do jogo contra o Uachipato foi memorável.  São nesses momentos que percebemos a valentia do ser humano. O Luxemburgo ao fugir dos jogadores chilenos caiu e perdeu a pose de machão. Sujou o terno Armani e foi amparado por policiais. Nem parecia o Luxemburgo que botou o dedo na cara de um gandula num Gre-Nal.
O fato é que o futebol profissional não pode ser resumido em arranca-rabos, socos e pontapés numa lambança geral. O futebol envolve a paixão dos torcedores e, atualmente, temos muito radicalismo em nome de uma paixão tresloucada. O futebol precisa de mais arte e menos bola para o mato.
O fato é que a “Fifinha” americana deve tomar uma atitude mais ríspida contra equipes que não sabem perder e protagonizam lances de irresponsabilidade e selvageria.  E treinadores que querem apitar junto com o árbitro. A cada final de partida, principalmente as decisivas da Libertadores, vira esse tumulto como foi o jogo no Chile. Então, a Conmebol deve ser mais disciplinadora e punir com mais severidade para inibir tais práticas antidesportivas.
No entanto, a atitude valente do Luxa fez lembrar algumas outras atitudes de extremada valentia do próprio Luxa e de um craque da seleção Canarinho. Num jogo amistoso contra a seleção Uruguaia em abril de 1976 o nosso Rivelino – tricampeão de 70 – também saiu em disparada do Maracanã. Fugindo de dois ferozes charruas escorregou e sumiu escadaria abaixo rumo ao vestiário. Não apanhou, mas ficou com a bunda toda esfolada. O jogo era no Brasil, muita gente para defender, não haveria a necessidade de se borrar todo.
Bem mais recentemente, no Gre-Nal da final da Taça Farroupilha 2012, o Vanderlei Luxemburgo foi de dedo em riste para cima do brutamonte do pobre de um gandula. Raivoso, xingou e esperneou. Tudo por conta do escanteio cobrado por Dátolo. O valentão Luxa não gostou da forma que o gandula repôs a bola. O jogo virou um tumulto generalizado com bate-bocas e empurrões. O técnico do co-irmão foi expulso e o gandula culpado pelo alvoroço.
Nos episódios em que o Luxa se envolveu – no  Chile e aqui em Porto Alegre –, podemos concluir que é muito mais fácil ser valente para cima de um gandula do que para cima dos jogadores do Uachipato. Isso que o Luxa não deu de cara com o cotovelo de um certo chileno que andou jogando por essas bandas, lá na década de 70.

Nenhum comentário: