segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A fé remove montanhas ou constrói estátuas?

São Pedro do Butiá, uma cidadezinha das Missões com 2.700 habitantes inaugurou a sua estátua em homenagem a São Pedro. Uma demonstração de fé ou megalomania do prefeito?
Um monumento com 30 metros de altura com um custo aproximado de R$ 2,7 milhões. O equivalente a mil reais por habitante.
Se os recursos fossem privados, tudo bem, o risco seria do investidor na intenção de incentivar o turismo religioso. Mas as verbas do monumento vieram do governo federal e da própria prefeitura que gastou o valor de um terço do seu orçamento. Então, devemos fazer uma reflexão. Nem que seja nos custos do empreendimento. Com esse valor São Pedro do Butiá poderia construir, por exemplo, um centro médico. Mas como diz um amigo meu: “me caiu os butiá do bolso”.
Nesse momento de crise e incertezas em que os orçamentos dos municípios são escassos para as demandas básicas, os administradores deveriam pensar mais e melhor nos investimentos. Há algo de estranho nos administradores que procuram marcar sua gestão com uma grande obra. Não lhes tiro esse direito. Mas uma grande obra, não uma obra faraônica. Um Colosso de Rodes! Um jardim suspenso!
Uma grande obra pode ser um hospital, um albergue, uma creche, água encanada e esgoto tratado para toda a população. Uma escola com curso profissionalizante. Uma grande obra seria administrar com transparência, democracia, seriedade e rigorismo no trato das finanças públicas.
Uma grande obra, e que custa relativamente pouco, seria arborizar as cidades. Plantar árvores: existe obra mais dignificante para um administrador? Contribuindo com o meio-ambiente dormiremos em paz com o futuro. Um parque ou uma praça para chimarrearmos nos domingos pela manhã. É muito difícil de fazer? É alguma coisa exorbitante? Lógico que não.
Essa pequena cidade missioneira é muito devota de São Pedro, e o nome Pedro é hegemônico entre seus habitantes. Consta que nas Sagradas Escrituras o apóstolo Pedro renegou Cristo por três vezes antes de o galo cantar. Será que não tinha um galo missioneiro chamado Pedro em São Pedro do Butiá para renegar essa obra pelo menos uma vez? Afinal, a fé remove montanhas ou constrói estátuas?

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