domingo, 8 de fevereiro de 2009

A paixão dos gaúchos

É indiscutível que o Gre-Nal mexe com os corações dos gaúchos. Há 100 anos esse clássico tem a capacidade de alterar nossa rotina e nossas emoções.
Tenho um amigo que em dia de Gre-Nal pega seu carro e vai passear por pacatas estradas interioranas. É a solução encontrada para fugir da tensão do clássico que, para ele, é um martírio.
E quando o Gre-Nal acontece em campos do interior, como o realizado no Colosso da Lagoa em Erechim, o interior é envolvido pelo clássico e ansiedade que o antecede. Como vimos, Erechim e as cidades vizinhas viveram intensamente essa paixão.
Então, todos nós, fervorosos torcedores nos preparamos para assistir esse confronto pampeano. Essa eterna e estimulante dualidade gaudéria. Essa epopeia esportiva farrapa. Nossos amuletos e superstições ficam ao alcance da mão e da memória para uma emergência.
Mas o que aconteceu quando a maioria dos gaúchos postou-se diante da TV e procurou pelos canais o tão esperado jogo? Não encontrou. O clássico Gre-Nal era apenas transmitido para quem tinha a assinatura do “pay-per-view”. Assim, os gaúchos amarguraram um final de domingo ouvindo o jogo pelo rádio.
Atualmente, nossos maiores craques jogam no exterior. A seleção Canarinho é composta, em quase sua totalidade, por esses craques que jogam fora do Brasil. Os chamados “estrangeiros”. A TV Bandeirantes transmite ao vivo os jogos do campeonato italiano. Em alguns momentos o SporTV coloca os jogos do campeonatos espanhol e francês. Nossos jovens torcedores vestem camisetas do Milan, Barcelona e Manchester. Nossos piás sonham algum dia jogar no exterior, mesmo que, sabemos todos, com remota possibilidade.
Acho que um simples jogo que não foi transmitido em canal aberto ou pela TV a cabo, não é motivo para arranhar nossa paixão de torcedor, mas é desolador, é desanimador. Foi irritante ver os comentaristas da TVCom “encherem lingüiça” durante alguns momentos do jogo. Espero que os cartolas estejam atentos. Se é que o interesse dos dirigentes seja, realmente, o torcedor.
Conheço um adolescente, filho de um amigo, que sabe a escalação do Barcelona e do Milan e uma das camisetas que usa tem o nome de Alexandre Pato nas costas. É um assíduo assistente dos jogos do campeonato italiano. É um fanático torcedor do Internacional, mas também torce pelo Milan da Itália.
No dia do Gre-Nal, colocou sua camiseta do Inter e ficou escutando pelo rádio, certamente, com a certeza que na semana seguinte a Band transmitirá, ao vivo, um jogo do Milan.
Enfim, irritado pelo “pay-per-view”, feliz pelo resultado.

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