Faz alguns dias que ando encasquetado com essa expressão: minhoca no anzol. Tudo porque o ministro Marcelo Crivella afirmou em seu discurso que não sabia colocar o tal bichinho no anzol.
É evidente que um ministro não precisa ser da área para ser um bom ministro. O escolhido deve ser probo, ter identidade e reconhecimento público e, necessariamente, republicano.
O Ministro da Saúde não precisa ser médico, o do Interior – acho que não existe mais – não precisa ser caipira, o Ministro dos Transportes não precisa ser caminhoneiro, o da Casa Civil pode ser um militar, e o da Pesca não precisa ser pescador. Nesse caso é irrelevante, basta que o ministro seja competente e sensível a coisa pública e saiba lidar com as verbas. Se bem que no caso da pesca deve ser discutida a relevância do ministério. É possível que seja relevante, pois eu pedi para o Wikipédia e recebi a informação de que “o Brasil é banhado pelo Oceano Atlântico, desde o cabo Orange até o arroio Chuí, numa extensão de 7.408 km, que aumenta para 9.198 km se considerarmos as saliências e reentrâncias do litoral.” Diante disso – e desconsiderando os rios –, é relevante... então o ministro Crivella pode ficar tranquilo, ele pode ir muito além de aprender a colocar minhoca no anzol.
No tocante ao Ministério das Relações Exteriores a escolha deve ser criteriosa. É um pressuposto que o indicado seja patriota. Assim, o ministro Antonio de Aguiar Patriota é o cara certo no lugar certo.
Eu comecei a crônica escrevendo que estava encasquetado com a expressão minhoca no anzol. Pois, é. Os defensores dos animais já se deram conta dos maus-tratos que a minhoca sofre no anzol. Circulou na internet a imagem de um homem crivado de farpas e jorrando sangue. Logo abaixo a frase “é assim que se sente o touro”. E eu fiquei imaginando um humano num anzol com a frase “é assim que se sente a minhoca”. Mas quem vai se importar com uma minhoquinha?
Então, pouco importa para o ministério se o ministro não sabe colocar a minhoca no anzol, ele, o ministro, só não pode colocar a mão na cumbuca ou ser pego com a boca na botija. Pois aí, mesmo sabendo colocar minhoca no anzol ou nadar, ele corre o risco de se afogar num mar de lamas.
Um comentário:
Mas os fiéis da igreja dele ela sabe fisgar, o que lhe rendeu um carguinho de ministro. Vamos afogá-lo? Abraços e parabéns pela crônica. Muito boa, como tudo que escreves. João Marcos
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