terça-feira, 12 de agosto de 2014

Principais candidaturas



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Nesse momento de tensão pré-eleição a tendência é de que os ânimos fiquem cada vez mais acirrados. Vigilância atenta dos militantes com relação ao tempo de televisão em que está exposto seu candidato. Ao tamanho da foto no jornal e a equivalência com os demais.
A Rede Globo ao veicular as campanhas no Jornal Nacional explicou que fará divulgação da agenda diária das principais candidaturas e elegeu Dilma, Aécio e Eduardo como sendo essas principais. Imagino que o critério da Rede Globo seja a densidade eleitoral e as pesquisas de intenção de voto, pois são justamente essas candidaturas que disputam as três primeiras colocações nos institutos.
Para a maioria do povo brasileiro parece normal. Afinal, colocar os nanicos para tergiversarem sobre algumas propostas fora da casinha e encher linguiça seria uma chatice. Um chute no saco em horário nobre. No entanto, essa premissa da Globo mantem o status quo. Fica um embate superficial entre a menina má, o bom-mocinho e outro bom-mocinho.
Essa visão conservadora vai ao reboque do acatamento pela sociedade e formadores de opinião dessas premissas da grande mídia. Para que contestar? Está bom assim. Ninguém discute. Ninguém provoca. Qual o contraditório dos candidatos densos financeiramente pelas mesmas empresas?  
As três principais candidaturas se diferenciam por algumas simplórias nuances. Do ponto de vista ideológico ou econômico são praticamente iguais. Uma candidatura privatiza mais que as demais, uma candidatura distribui mais bolsas que as demais e a terceira candidatura têm os olhos mais verdes que as demais. Comparando com um time de futebol, diria que essas três candidaturas tem um bom meio campo, um centro que rola uma bola redondinha, mas sem ataque e jogam sem pontas. Até existe alguns pontas – esquerda e direita –, mas estão no banco. E, resignados, não entrarão para o jogo porque não estão nas graças do técnico.
Então, a Globo elege essas três principais candidaturas e com isso não evidencia as contradições ideológicas e nem coloca o dedo na ferida.  
Está errada a premissa da Rede Globo.
No meu modo de vista a premissa deveria ser ideológica – porque faz mais de uma década que não se discute ideologia nesse país – assim, teríamos uma contradição em horário nobre. Um debate sustentado pela ideologia e não por tempo de televisão e alianças de ocasião e interesseiras. Discutir sobre modelo econômico, uma visão diferente de mundo.
Os candidatos estão legalmente habilitados para a disputa eleitoral. Cumpriram todos os preceitos legais. Todos os meios de comunicação tratam de maneira igualitária todas as candidaturas. Só a Rede Globo que não. Qual o poder da Rede Globo? Está acima do tribunal eleitoral. Essa discriminação está amparada por lei? É legal? Deve ser.
Pois eu acho que não. Do ponto de vista político e ideológico não quebra nenhum paradigma e mantem tudo na santa paz. E logo em seguida esses mesmos candidatos estarão inaugurando novos templos religiosos. Aleluia irmão!
E eu gostaria de ver uma discussão sobre: imposto sobre grandes fortunas; lei dos meios de comunicação; abertura dos arquivos da ditadura; sistema de cotas no Congresso Nacional; reforma agrária, urbana, política, tributária, judiciária... e otras cositas más.
Mas acho que não.

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