Athos Ronaldo Miralha da Cunha
twitter.com/athosronaldo
O encontro prometia ser uma grande festa italiana. Degustações de vinhos e janta típica da colônia era o cardápio naquela noite.
Estou absorto, sonhando com o bordô colonial e o caprichado risoto que em breve será servido. Repentinamente, sou convidado a fazer parte do corpo de jurados.
– O enólogo de Caxias do Sul, infelizmente, não pode vir e o senhor foi indicado para substituí-lo – comunica-me o organizador da festa.
– Eu?...
– Agradecendo a colaboração dos degustadores, gostaríamos de dar início a esta festa, esclarecendo que a avaliação dos vinhos é feita, em uma tabela, atribuindo-se notas de zero a dez para três itens, quais sejam: cor, aroma e sabor.
Uma senhorita nos serve o primeiro de uma série de doze vinhos brancos.
Avaliamos. Cor: 7. Rodo lentamente o cálice. Aroma: 8. Enfim, provo-o. Sabor: 8. Total da nota: 23 pontos.
Assim, sucessivamente, o mestre de cerimônias vai anunciando os vinhos a serem degustados e julgados, devidamente acompanhados com queijos, pãezinhos e uma providencial água mineral.
– Será apreciado agora o vinho de número 13. O primeiro tinto desta fria, mas aconchegante noite – anuncia o chefe do cerimonial.
Após uma breve avaliação visual atribuo nota 7 para o item cor, 7 para o aroma e 8 para o sabor. Total da avaliação: 22 pontos.
– Avaliaremos vinte e cinco tintos, todos produzidos por famílias de produtores da região. Passaremos a apreciação do vigésimo nono vinho.
Os cinco degustadores, simultaneamente, rodam os cálices e o tinto libera seus aromas e em seguida aveluda o paladar dos respeitáveis neófitos enófilos. Devido ao número excessivo de doses degustadas, é perceptível uma agradável descontração entre os membros da comissão julgadora.
– Muito bom. Cor: 8. Aroma: 9. Sabor: 8. Total da nota...27 pontos.
Desconfio da minha soma e refaço a conta. 8 + 9 + 8= 25. Total: 25 pontos. Assim fica mais condizente com a verdade matemática.
– Muito bem, senhoras e senhores, o jantar está pronto e será servido tão logo terminemos esta degustação. Imediatamente passaremos a análise do vinho de número 35. Antepenúltimo tinto deste concurso do melhor vinho da região.
– Sérgio, tu que és professor de matemática, quanto é 8 + 9 + 7? Porque eu estou com a impressão que a nossa capacidade de fazermos cálculos está prejudicada.
– Hum... 8 + 9 + 7... 24. Se não me falha a memória.
– Finalmente, apreciaremos o vinho de número 37, o último, desta memorável festa e em quinze minutos estaremos divulgando e premiando os vencedores.
– Este tinto está me parecendo meio branco demais e extremamente azedo. Aliás, eu nunca tinha visto um tinto borbulhar. Muito estranho! – comento com o parceiro desta banca de degustação.
– Olha, não quero me intrometer na tua avaliação, mas tu estás degustando a água mineral.
– Ah... bom! Onde está o pratinho com os queijos?
Sorvo o último tinto e classifico-o com 28 pontos. Neste momento só tenho olhos em direção ao galeto assado, dourado e suculento sobre a mesa do bufete.
twitter.com/athosronaldo
O encontro prometia ser uma grande festa italiana. Degustações de vinhos e janta típica da colônia era o cardápio naquela noite.
Estou absorto, sonhando com o bordô colonial e o caprichado risoto que em breve será servido. Repentinamente, sou convidado a fazer parte do corpo de jurados.
– O enólogo de Caxias do Sul, infelizmente, não pode vir e o senhor foi indicado para substituí-lo – comunica-me o organizador da festa.
– Eu?...
– Agradecendo a colaboração dos degustadores, gostaríamos de dar início a esta festa, esclarecendo que a avaliação dos vinhos é feita, em uma tabela, atribuindo-se notas de zero a dez para três itens, quais sejam: cor, aroma e sabor.
Uma senhorita nos serve o primeiro de uma série de doze vinhos brancos.
Avaliamos. Cor: 7. Rodo lentamente o cálice. Aroma: 8. Enfim, provo-o. Sabor: 8. Total da nota: 23 pontos.
Assim, sucessivamente, o mestre de cerimônias vai anunciando os vinhos a serem degustados e julgados, devidamente acompanhados com queijos, pãezinhos e uma providencial água mineral.
– Será apreciado agora o vinho de número 13. O primeiro tinto desta fria, mas aconchegante noite – anuncia o chefe do cerimonial.
Após uma breve avaliação visual atribuo nota 7 para o item cor, 7 para o aroma e 8 para o sabor. Total da avaliação: 22 pontos.
– Avaliaremos vinte e cinco tintos, todos produzidos por famílias de produtores da região. Passaremos a apreciação do vigésimo nono vinho.
Os cinco degustadores, simultaneamente, rodam os cálices e o tinto libera seus aromas e em seguida aveluda o paladar dos respeitáveis neófitos enófilos. Devido ao número excessivo de doses degustadas, é perceptível uma agradável descontração entre os membros da comissão julgadora.
– Muito bom. Cor: 8. Aroma: 9. Sabor: 8. Total da nota...27 pontos.
Desconfio da minha soma e refaço a conta. 8 + 9 + 8= 25. Total: 25 pontos. Assim fica mais condizente com a verdade matemática.
– Muito bem, senhoras e senhores, o jantar está pronto e será servido tão logo terminemos esta degustação. Imediatamente passaremos a análise do vinho de número 35. Antepenúltimo tinto deste concurso do melhor vinho da região.
– Sérgio, tu que és professor de matemática, quanto é 8 + 9 + 7? Porque eu estou com a impressão que a nossa capacidade de fazermos cálculos está prejudicada.
– Hum... 8 + 9 + 7... 24. Se não me falha a memória.
– Finalmente, apreciaremos o vinho de número 37, o último, desta memorável festa e em quinze minutos estaremos divulgando e premiando os vencedores.
– Este tinto está me parecendo meio branco demais e extremamente azedo. Aliás, eu nunca tinha visto um tinto borbulhar. Muito estranho! – comento com o parceiro desta banca de degustação.
– Olha, não quero me intrometer na tua avaliação, mas tu estás degustando a água mineral.
– Ah... bom! Onde está o pratinho com os queijos?
Sorvo o último tinto e classifico-o com 28 pontos. Neste momento só tenho olhos em direção ao galeto assado, dourado e suculento sobre a mesa do bufete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário