domingo, 18 de novembro de 2012

Ministro! Eu também

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

No mesmo instante em que o Supremo Tribunal Federal estipula as penas dos figurões da política nacional – em breve assistirão o sol nascer quadrado –, e dos presídios veem as ordens de vandalismo em São Paulo e Florianópolis, o Ministro da Justiça me sai com essa: “Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa, eu preferia morrer”.
Não sei se rio ou se choro.
Se o ministro que tem a caneta na mão para resolver as questões de segurança prefere morrer o que dirá de nós meros mortais...
Lembrando que José Eduardo Cardozo é governo a, pelo menos, dez anos. E só agora haja essa constatação. O que esperarmos dos governantes no tocante a segurança?
Logo que ouvi essa pérola do ministro, lembrei uma outra frase – que também envolvia o ato de suicídio de um governante – e causou impacto nos brasileiros pronunciada pelo presidente João Figueiredo. Ao ser perguntado o que faria se tivesse que viver com um salário mínimo por mês. “Dava um tiro na cabeça.” Foi a resposta do presidente que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo.
Muitos anos separam as frases, mas demostram o descaso desses senhores com a coisa pública e com o povo. São pessoas acostumadas e bem adaptadas às engrenagens do poder e se mantém distantes dos problemas que afligem a nação. Ao invés de propor políticas para solucionar os problemas, preferem frases de efeito e mídia.
Maluf incluiu em seu reportório o “estupra, mas não mata”. Marta Suplicy o “relaxa e goza” que é um estupra, mas não mata light. E assim vamos indo nessa democracia a espera de melhora, pão na mesa, saúde, educação, mas o que vemos é trololó e nhenhenhém.
Carlos Drummond escreveu “São tão fortes as coisas! Mas eu não sou as coisas e me revolto.” Diante dessa inanição para resolver problemas cruciais e eternos nos resta sonharmos com a próxima eleição para, novamente, mudar as coisas. Mas com a clareza que não somos as coisas.
Nas questões que envolvem políticas públicas cada cidadão não pode ficar no seu quadrado. Claro, os condenados devem permanecer cada um no seu quadrado, mas um ministro, jamais.
A propósito: Ministro! Eu também preferia morrer.

Nenhum comentário: